segunda-feira, 22 de setembro de 2008

PRÊMIO DALCIDIO JURANDIR

rumo ao farol, 2008, by danielle fonseca, artista plástica



.
.


meu livro de crônicas e quase-crônicas; LIVRO PARA DISTRAÇÃO NA TRAGÉDIA, acabou de receber o prêmio Dalcidio Jurandir de Literatura. será uma edição de 1000 exemplares, dos quais vou levar uma boa cota pra baixo do meu colchão, além de uma fortuna em dinheiro, que não posso declarar aqui, sabe como é, né? essa coisa de sequestro, parentes e amigos pedindo uma ajuda, aí já viu...

feliz, em estrear na prosa, e com um sentimento um pouquinho esquisito de ser um cronista que nunca publicou uma croniquinha sequer em jornal, mas que já vai em livro, lhes digo de minha reação lépida com essa história toda, até choveu nos campos de cachoeira...

aos amigos do vieiranembeira, que sempre por aqui me dão a mão, deixo uma das crônicas do livro a seguir e também a lista com os vencedores nas outras categorias e menções:



FOI EMBORA PRA NUNCA MAIS


.


Pousava no segundo fio do poste de iluminação pública. Morando no segundo andar, e com uma janela para a rua, coincide de o poste apontar seu olho para nós, com os fios se oferecendo, quase um varal. 5 da manhã, e o passarinho começava a gritaria, sim porque não era canto, aquilo era grito. Um som metálico, voz de ferro? De lata? De zinco? Sei lá! Invariável e forte, todos os dias, quero dizer, madrugadas, batia ponto em frente a janela.

- O que é isso? Parece um monstro rouco.
- Ah não, é ele de novo, vai você, estou dormindo...
- Ta bom, eu vou...

No princípio a estratégia era afastar a cortina e gritar com ele.

- Ei seu doido! Vai embora, xô! Ainda não amanheceu, olha a hora!

Depois de me acordar ele partia, para um poste distante mas ainda se podia ouvir seus grunhidos ao longe, pesadelo sem fim. O tempo foi passando e ele começou a perceber sua impopularidade. Era eu afastar a cortina, já batia em retira, sem dar ouvidos a um xingamento sequer. Daí usei outra estratégia: ao ouvir o primeiro berro, sem levantar da cama, esticava o braço, e balançava forte a cortina, três vezes, e ele entendia, voava mais que depressa.

Fiz isso só umas duas ou três vezes, e nunca mais ele veio, escafedeu-se, pronto. Paz, sono tranqüilo, adeus bater de lata, adeus pesadelo estridente! Foi o que pensei nas primeiras noites após seu sumiço.

Depois, me estranhava acordando pela madrugada e procurando por ele embaixo do escuro tapete de silêncio que a noite estende por toda a parte, não era o que se pode chamar de saudades exatamente. Era só uma preocupação, onde terá ido o passarinho de voz irritante? Era um passarinho, apesar da voz, era um passarinho. Sempre pensei em passarinhos como se pensa em um deus de encantos. E agora eu tinha desprezado um deles. Que coisa.

- Não fica assim, quem sabe um dia ele volta, ninguém tem culpa, vai ver ele virou assunto de menino balador.

- Aquilo lá se deixa abater por menino, mas quando? Se ao menos ele gritasse de dia seria mais fácil aturá-lo, mas não, tinha de vir atrapalhar o sono dos justos! Praga! Onde você foi se meter? Eu juro que não te brigo mais, vem cá bichinho...



.


INÉDITO, do livro para distração na tragédia, de paulo vieira



.
.



LISTA DE VENCEDORES DO PRÊMIO DALCÍDIO JURANDIR

ROMANCE
1° LUGAR – VELAS NA TAPERA
Pseudônimo do Autor: Janaina Raia
Nome do Autor: Carlos Correia Santos


Menção Honrosa: BREVE ESCURO
Pseudônimo do Autor: A. P. Arbo
Nome do Autor: Pedro Malard Monteiro

CONTO
1° LUGAR – CHÃO DE AÇUCAR
Pseudônimo do Autor: Flor de Farinha
Nome do Autor: Digliane Melo Almeida
Menção Honrosa: Nesta categoria nenhuma das obras corresponde aos requisitos escolhidos pela banca que são:qualidade de texto com relação ao emprego da língua como signo literário.

CRÔNICA
1° LUGAR – LIVRO PARA DISTRAÇÃO NA TRAGÉDIA
Pseudônimo do Autor: Fernando Wolff Braga
Nome do Autor: Paulo Vieira


Menção Honrosa: DE ALMA EM PUNHO
Pseudônimo do Autor: Sentimento Crônico
Nome do Autor: José Antonio Sousa Neto

POESIA
1° LUGAR – QUATRO GAVETAS
Pseudônimo do Autor: Caleb Castelar
Nome do Autor: Eleazar Venâncio


Menção Honrosa: RASTROS DE NÃO
Pseudônimo do Autor: Daniel Wilhelm
Nome do Autor: Fabrício de Miranda Ferreira

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A CIDADE NÃO PÁRA A CIDADE SÓ CRESCE



rumo ao farol, 2008, by danielle fonseca, artista plástica







.
.


SANTA MARIA

.


são de se admirar os carretéis da iluminação
pública, as hélices das bicicletas, e tantas coisas
que passeiam por ti ou pelas quais passeias senão
para ver as luzes da cidade severa, depois repousas

na calçada descalço, sob as patas de um felino feroz,
faminto, tipo de animal pouco doméstico, conhecido
como sol, cúmplice da manhã, a tarde feito um algoz,
te vais deslizando para fora das coisas, um perdido

mar de barcos encalhados, as coisas encalham em nós
e seguimos agitados, iguais ao mar em meio a tempestade,
sem porto, portadores de coisas inúteis, reféns da cidade
com suas árvores desobedientes e seus pulmões heróis.


.

poema inédito de paulo vieira,


.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

SUPERTRAMP

.



MARIANA'S SONG

.

emparedar as costas da mulher e depois sentir
no cimento do queixo, miligramas de nuvens.
só mesmo as árvores e cavalos selvagens detêm
certos traços da nudez da mulher, aquele ir

e vir de pernas, o estreito cálice onde dorme
a seiva elaborada, onde a língua quase morre
afogada, o cabelo em ondas que recobre, enorme,
os ombros de prata quando um fio de calor percorre

as ancas, desliza pelas coxas, púbis, e vai ao centro
de toda a flora recomeçar a estação dos arrepios.
emparedar as costas da mulher e guardá-la dentro
do concreto corpo de homem feito represa de seus rios.

.

inédito de paulo vieira

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A NOITE NUNCA TEM FIM

dia morrendo no outono suiço by paulo vieira




MAIS UMA DOSE

.

a ponta do indicador faz o gelo circular
no copo onde a bebida, mais vermelha
que meus olhos, amarga, se assemelha
ao sangue que só derramamos ao amar

mas ninguém repara que nesse contato
todo o sangue retorna a mim pela ponte,
feita por um dedo dormente e sem tato,
pra depois sumir nos muros do horizonte

e é aqui neste copo o encontro perfeito,
o gelo vai perto da boca, mas não ousa,
em silêncio os lábios se fecham refeitos
e a língua embebida em sangue repousa

.



poema inédito de paulo vieira

.






.



COMENTÁRIO SOBRE O POEMA mais uma dose,
inpossível de ser postado, normalmente, em comentários pelo abuso da forma que o comentarista escolheu:



a ½ passo do marco 0:


.........................eta
po..........................................mente
........................ética

.


poema-comentário de fabricio ferreira

terça-feira, 5 de agosto de 2008

CONFESSIONAL

petalas das orquideas anarquistas by d'arcy albuquerque





meia-noite e uns vulgares minutos envelhecem ainda
mais a lua e seus ponteiros estelares, o silêncio reúne
suas partes no barro dos muros pichados deste bairro.
no terceiro andar, minha nova hospedaria, minha
e da família que para sempre eu quisera de gaze,
mas no sono tudo se eriça, até o filho virou brisa
e dorme pela relva verde ao peito da mãe e da flora.
pressentes o silêncio a infestar-se por toda essa hora?
a madrugada rola destemida, alheia ao embate,
pelos telhados derretidos, massacrados, esfomeados
das casas mal nutridas dos homens do mau, meus
irmãos, meus camaradas, meus bandidos e serviçais.
constatar que metade de uma vida é quase nada,
diante dessas luzes me apagando inteiro da janela.
os túneis invisíveis em cada rua da noite notável,
os meninos passeando pela calçada e seus fachos de
miséria maravilhosa, de alegrias sem mácula ou rima
que possa acompanhar suas ávidas respirações banidas
do mundo que trancafiei no quarto mínimo do peito.
tanto rejeitei as flores que meu corpo entortou-se como
um caule qualquer que a noite dobra com fúria assassina,
tanto rejeitei outra parte de mim que não fosse sombra
que agora crescem os cabelos da criança à revelia da morte,
de mim ou de qualquer deus, desobediente cresce no quarto
enquanto a madrugada decresce na janela, vai crescer mais
do que eu esse menino, vai empatar com o sol se dormir
bem, será o dono de minha sombra e de meus bens,
os mais preciosos, dispostos em fileiras, arredios,
celulósicos, desprezíveis aos olhos do comércio.
meia-noite e uns vulgares minutos me envelhecem ainda
mais, esse gosto de cachaça vem da rua, o vento une as
memórias extraviadas e sopra nos olhos dos semáforos.
as estrelas estremecem ao piscar de olhos, as estrelas são
partículas deste mundo em suspensão, de tão pequenas
há apenas uma rua e uma lâmpada em cada estrela.


.


poema inédito de paulo vieira.


.


COMO NUM PASSE DE MÁGICA O VIEIRANEMBEIRA DEU CONTA DOS COMENTÁRIOS, APAGOU-OS TODOS, AO POEMA confessional, NÃO ME PERGUNTEM COMO. ASSIM, JULGANDO IMPORTANTE AS PALAVRAS DOS AMIGOS E PEREGRINOS, E VALORIZANDO O NÃO ESTAR SÓ, MOSTRO AQUI MESMO EM CORPO, OS COMENTÁRIOS E SEUS RETRUQUES...


.


Paulo: teu poema continua com a força do existencial, em que o tempo é matéria prima e ômega. Rico, cheio de imagens bonitas e densas. Forte como a luz do meio dia a derreter hipocrisias. Grande!

Gutemberg Guerra


.


bem... sobre as estrelas e os universos,eu ouvi, sobre o filho não sei é meio asustador, não o objeto direto mas a representação...
o todo é diferente,a algum tempo é, depois de orquídeas, um outro escritor...
que bom.


Thiara

.


diferente...
mais coisas


Thiara

.


thiara 1: caro lalú, espero que o trapezista nao quebre o nariz a qualquer hora, mas se quebrar, ao menos vai ter uma cara diferente depois. sobre os horrores da infânicia, não sei dizer... ta me saindo uma critic e tanto.

.

vieiranembeira

.


thiara 2: cadê os poemas afinal de contas?


beijo,

vieiranembeira

.


Caro Gute:

que bom ter o amigo por aqui. e que bom receber essas palavras, quando tenho o mundo em meus ombros e ele não pesa mais do que a mão de uma criança,

beijo amigo,

vieiranembeira


.


Gosto de escritores que não desperdiçam palavras. Duro ofício este. Não te invejo, eu e minha pequena escrita, a não ser que a admiração seja uma forma de inveja. É isso, você é um escritor admirável de se ler; não é tempo perdido, é tempo ancho. Sempre bom passar por aqui.

Marcelo Marrat

.

Gosto de escritores que não desperdiçam palavras. Duro ofício este. Não te invejo, eu e minha pequena escrita, a não ser que a admiração seja uma forma de inveja. É isso, você é um escritor admirável de se ler; não é tempo perdido, é tempo ancho. Sempre bom passar por aqui.


.


ei marcelão! obrigado, é mesmo uma busca não perdê-las, as palavras, mas nem sempre se consegue, elas são manhosas, lisas, mas às vezes nos dão uma chance, vivemos nessa dependência maravilhosa.

abraço,

vieiranembeira

terça-feira, 1 de julho de 2008

A VELHA BRIGA DE RISCA FACA

sóis enxutos by paulo vieira

.


TOTEM PARA QUEM


era um coruscante
corvo sem semblante
ou o vulto da lua? seria miopia?
talvez fosse isso? ou mesmo aquilo?
ou aquilo o quê mesmo?...

que nada:
já era aquele lance
de escrever como antes
o poema-relance
de um instante
para o outro

saibas que desses troços
só ficaram destroços,
e umas poucas peças de amor.
enfim passou, sem saudade,
o vulcânico tremor,
nada incomum
naquela idade
vaidosa e bela,
capaz de atirar um
cavalo ao chão
mas não
sem antes lançar da cela
o burro que o monta
e desmonta
ao sabor, aliás, de qual
pifada epifania?

pois agora essa ripa que assobia
nas costas do mesmo alazão
regenera (ou estropia?)
de vez meu coração


.


inédito de paulo vieira, garça city. jul, 2008

segunda-feira, 30 de junho de 2008

AS COISAS TÊM COMEÇO E COMEÇO

sol sozinho by paulo vieira




AS COISAS SEM FIM

.

cerejeiras em festa,
no lago, uma garça, uma flor,
de tudo o que passou resta
no peito a batida do taikô.
ser ou não ser, ver ou não ver,
o mundo está rodando, rodando e rodando,
a vida está andando, andando e andando.
macadâmia sobre a mesa,
as damas em volta, nenhuma tristeza,
um menino na piscina da barriga.
outro foge do mundo no videogame que o abriga.
cabelos enrolados, cabelos lisos, cabelos grisalhos
escova progressiva, chapinha, chapinha para enrolar
o mundo está evoluindo.
no meio da multidão
a poeta de gorro róseo, voz
rouca e jeito adulto deixa em nós
as flores de seu coração.
todas as coisas acabam
como esse poema,
como todas as coisas.

.

gabriela nogueira (9 anos) e paulo vieira.

garça city, 30, jun,2008.

CORPO VIVO


sol sólido by paulo vieira



.


aqui apresentando o exercício de escrever um só poema por muitas mãos. segredos acima e abaixo, no trabalho vadioso de um dia após a festa da cerejeira, em garça, o resultado:

.


POEMA EM VOLTA DA MESA DO DIA



a cidade de garça tem uma estátua
a cidade é muito bonita pois recebemos
água da mina,
pois fique sabendo que é uma delícia.
um anel de brilhantes, um colar de pérolas,
as pedras rolando, uma rosa sobre seu jardim,
no seu coração nenhuma barreira.
fim de semana em garça, grande alvoroço,
homem, mulher, criança, velho, moço
vão-se os cachecóis, ficam os pescoços.
a barriga cada vez maior
o filho para chegar
em pais vamos nos transformar.
olhe um menino, um dragão soltando fogo,
será que são gostosos
os algodões doces do céu?
a vida é mágica
temos de vivê-la com intensidade
jamais nos inportar
com a idade.
a tristeza da pulinhos,
discretos, de alegria, para
que ninguém perceba que ela
não é mais triste.
o cheiro da terra molhada, o ronco do leão,
amigos à mesa, da comida o aroma bom,
família reunida, festa, risos, paz do interior
flashes de momentos que guardarei no coração.

.


AUTORES:

supertramp (e superzinho), fernando orpheu, macris, natália de araújo, denise zocchio, giovana de araújo duma (5 meses), gabriela de araújo nogueira (9 anos), lucas de araújo favinha (11 anos), nardinho mendonça de araujo e paulo vieira.

garça city, finzinho de jun, 2008

sábado, 28 de junho de 2008

QUADRO INFANTIL


em garça, na festa da cerejeira, com o poeta arnaldo antunes, supertramp e pablo superzinho - na piscina abaixo... (repare na mão do poeta, orquídeas e infâncias, e na piscina, cochilando, Le Petit Prince) by um simpático rapaz de kimono.



.


E MAIS UM DE AMOR


.


à margem de uma lua cítrica o clarão
da chama calma que derrete e desvela
devagar meu coração, ao jeito de uma vela,
oferecido aos deuses, em sacrifício vão.

chego a esse ponto: dar até o que não tenho
..................................................[sem lutar.
cansada de meus crimes vênus me condena
a fazer tudo de novo, humilhante pena,
enquanto o coração vai derretendo devagar.

tudo posto, do amar nada resta além do erro
de pensar que se aprende algo em meio a dor;
o coração vai derreter até o fim, é sempre
............................................[esse desterro,
à margem de uma lua indiferente ao amor.


.


inédito de paulo vieira
av. paulista, madrugada, jun, 2008.

DIRETAMENTE DE NEW YORK

meu filho pablo ainda nem nasceu mas acaba de receber um poema de um amigo das letras e dos meninos, meu querido gutemberg, que escreveu-nos de ny, onde se concentra em seu phd, transcrevo os versos dele para cá.


.


LUMEN MUNDI



Pablo de tanta história,
De Tarso, Neruda, Picasso
Todos lembrados pela pluma
E pela palavra
verbo
sopro
alma
liberdade!

Que venha Pablo à luz como luz
Para gritar outras coisas
Que nossos ouvidos não tenham ouvido,
Nossas vozes não tenham dito
Nossas mãos não tenham feito
Nossos olhos captado

Que venha Pablo para te fazer mais Paulo
Mais menino
Mais poeta
Mais outras coisas que ser pai pode ser!

E que a mãe deste Pablo
Dando-lhe vida e luz
Tenha igualmente luz e vida
Longa e desabrochada
No sorriso, no olhar, no tato, no cheiro, no gosto e no escutar.

SeJAIS trindade bendita e una
Paulo, Pablo e mater!
Até o próximo que virá!


gutemberg guerra, jun, 2008, ny.

UM POEMA-HOMENAGEM-AMIGO

Recebi de Jonatas, um amigo letreiro, melhor que dizer; um amigo de letras, ou um amigo letrado. um letreiro é um operário das letras, penso. recebi essa homenagem-poema que, muito feliz, posto aos senhores agora.














POETA



ao paulo vieira






.



nas horas escuras de tua escrita

choro

oro

quanto de ti deixaste



essas letrinhas negras

andaram por tua cabeça

feito piolho

tirando sangue

tirá-las

mais difícil que car-rap(a)to



nas horas escuras de tua escrita

grita

fita

o branco

de-vasta-dor

treme os dedos trôpegos

no des-afio de dizer o indizível

a busca da palavra foragida

pantera

ferida

ida

fera

era

não é

ainda

hora



apertar o gatilho da alma

aprisionar os passos das palavras

passar a pena

sem pena

como bico do pássaro na penha

por fim

o poema




.


Poema inédito de Jo Natas

quarta-feira, 4 de junho de 2008

HISTÓRIA NATURAL

homem pensando em algum lugar, by supertramp


.


Saindo de viagem, não para pescar, quem me dera, lhes deixo com o poema mais moço do novo projeto literário. ps. leiam o poema imaginando que está centralizado, faz um desenho quase simétrico, no post não está como deveria, devido a minha incapacidade.

evoé...


.



HISTÓRIA NATURAL


não é nada patético morder sem dentes,
só gengivas, uma lua protética e decadente
para extrair a bile venenosa de seus fossos.
poeta é antes de tudo uma fera sem dentes,
bicho cansado, alquebrado, a espera do osso
de um bicho maior, morto por acidente,
pois um bardo que se preza não sabe nada
de caçadas, mas reconhece uma boa carcaça,
vive a definhar e a redefinir o que o definha,
traz no alforje uma arma, ou rapsódia, baça
água e a memória, essa lúcida e justa rainha,
que pesa nos seus ombros mas não o abandona
nem mesmo quando o golpe da morte a destrona


.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Gisselle Ribeiro, poète avec délicatesse

> palais du versailles, paris, by paulo vieira


O PRIMEIRO EXERCICIO DA DELICADEZA


Entre tantas coisas que perdemos, uma, agora, com 40 anos, chama-me mais atenção: a perda da delicadeza. E perceber o quanto a maquinaria da vida moderna nos rouba os sentidos, e resgatar essa perda, transformando-a em ganho, novamente, tem sido o meu grande desafio.
A escalada para os 40 anos teve frentes frias e suas canículas...
Aos 36 anos, com a teoria de Pierre Weil, descobri a visão holística, ou seja, a tomada de consciência de si, do outro e do mundo. E descobri que esse era o nome dado para a prática de olhares que os artistas se permitem exercer. Por conta dessa visão, holística, as dores do mundo entram mais profundamente neles conduzindo-os a criação dos documentos histórico-literários, de linguagem peculiar.
No artista, mais precisamente, a prática da visão holística parece estar em alerta todas as horas do dia ou noite. Por isso, talvez, eu não consiga dirigir um veículo, sou sempre passageira. Sou sempre passageira de algum trem, ônibus, avião, barco. Assim, eu permaneço... E das janelas, ou no interior dos veículos, eu vejo os gestos dos humanos e as respostas do mundo: Na Avenida Bernardo Sayão, vejo operárias de uma fábrica de castanhas que todas as manhãs, bem cedo, antes de começar a jornada fazem ginástica, todas de farda azul celeste, avental e chapeuzinho em suas cabeças, já despertas para mais uma luta contra a rotina doméstica. Nelas, através da janela aberta, sinto o cheiro de mudança em nosso histórico.
Meu olhar alcança uma mulher com ama grande sombrinha que avança pelos corredores do ônibus encostando o objeto nas cabeças dos que estão já sentados. Nela, não há qualquer vestígio ou dose de preocupação com o bem-estar do outro.
Há também mulheres grávidas, senhoras e senhores que permanecem em pé nos corredores dos ônibus, enquanto os jovens, no percurso escola-casa, vestidos de pequenos deuses, confortavelmente instalados nas poltronas, brincam de jogar latas de refrigerante, garrafas de água e outros entulhos para fora do veículo, tentando alcançar os passantes das ruas por onde o ônibus circula. E um sopro de Drummond toma conta da minha cabeça:
“Chega um tempo em que não se diz mais : meu Deus. / Tempo de absoluta depuração. / Tempo em que não se diz mais: meu amor. / Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. / E as mãos tecem apenas o rude trabalho. / E o coração está seco (...)”.
Meu coração se inquieta, não quero tecer, apenas, o rude trabalho, tampouco me manter sem a ressonância do amor, sem a alegria do enternecimento na vida de algumas pessoas, as pessoas que amo, nelas eu quero manter, ainda que soframos longas invernadas e verões intensos, ainda assim, quero manter, entre nós, o exercício da delicadeza. Poder dizer “bom-dia”, “obrigada”, “por favor”, com toda a verdade da expressão dita. Poder conversar com elas com respeito mútuo em um diálogo não só com palavras, mas com toques, olhares e breves silêncios. Assim tenho aprendido, pelo encantamento, com Izabel Soares e Sâmia Rodrigues.
Ainda com 36 anos, na pós-graduação, descobri que não bastava ter consciência dos acontecimentos daninhos para nós humanos ou para o mundo. Era preciso ir um pouco mais além, era preciso acordar a nossa sensibilidade encarcerada pela revolução industrial. Era preciso eclodir a doçura dos nossos dias, para não tecermos apenas o rude trabalho. E, com 40 anos, enquanto educadora, tenho longos braços para acolher os aprendizes que se dispõem à retomada da sensibilidade, contudo, tenho, também, mãos firmes para alcançar os que tomam a direção contrária.
O fôlego, a energia recomposta no plano profissional foram marcados em mim por Ludetana Araújo, com os recursos de artesã, refazendo o sol em cada fresta do momento mágico de ensino-aprendizagem.
Dois homens distintos, Benoni e Paulo Vieira, me indicam o bom caminho para a travessia dos obstáculos, apontando um farol: a literatura. Eles não sabem, com eles percebi que é possível respirar e transpirar poesia. Benoni, burocrata, contador na luz do dia, mas entre uma sombra e outra, faz a sua aposta em um raro poema. Paulo Vieira, de dia engenheiro florestal, e, entre uma árvore e outra, preserva as espécies de poemas quase extintos. Eis dois homens distintos fazendo gerar energia literária em mim. Sem a menor consciência da profundidade dos seus atos poéticos.
É possível crer em pouquíssimas coisas em tempos modernos. É possível deixar para trás atitudes nobres em nome do lucro, da força das máquinas, da bolsa de valores e de muitos outros metais brutos, no entanto, ainda que eu não caiba nos novos valores, a voz de Freud me conforta: “Seja qual for o caminho que eu escolher,um poeta já passou por ele antes de mim” ou ainda lembrando Nietzsche “A arte assume acessoriamente a tarefa de conservar o ser, até mesmo de dar um pouco de cor a representações extintas e empalidecidas, quando cumpre essa tarefa, tece um laço em volta de diferentes séculos e faz reaparecer os espíritos [...], mas pelo menos por instantes desperta mais uma vez o velho sentimento e o coração bate a uma cadência de outro modo esquecida.”
Por isso, não imagino a existência de uma porta que a literatura não possa bater, não imagino a existência de uma mesa que não possa servir literatura aos que dela têm fome. Não imagino a existência de um só jardim onde a literatura não possa germinar.
Imagino sim, que ainda há emoção para sentir e ouvido para ouvir o enorme ruído da literatura mudando o homem.
Eis o meu primeiro exercício da delicadeza: “Nenhum homem é uma ilha em si mesmo, todos os homens são um pedaço do Continente, uma parte do Todo; pois se uma parcela de terreno é arrebatada pelo mar, a Europa é lesada; mesmo que se tratasse de uma Morada de teus amigos ou do teu próprio eu... a morte de todo homem me diminui porque faço parte do Gênero Humano. Portanto, não perguntes jamais por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.”



texto de giselle ribeiro, 2007

CINEMANEMBEIRA




Tive a idéia boba e nada original esse fim de semana: vou passar a comentar filmes que me causem qualquer agrado, e talvez até os que me desagradem, mas serão sempre comentários de um poeta, não os de um crítico de cinema, que não sou tão chato assim... A seguir, então, the first



AUGUST RUSH SONG'S


em august rush (porcamente traduzido para o som do coração)robin williams está em atuação impecável, e o menino freddie highmore as an orphan e sua expressão sofrida disfarçada de não sofrida, aparace como a mais pura nobreza da infância. mas não me interessa aqui comentar as atuações, que deixa muito a desejar na interpretação do pai por exemplo, perdido duas vezes. vale mais dizer daquilo, em august rush, que poderia queimar a retina dos amantes do mistério e do segredo, irmãos sempre esforçados em prol da originalidade da trama, mas que ao final nos compraz. meio naquele ‘eu já sei mais ou menos como vai ser o final’, o público se deixa envolver nessa filme sem segredos ou mistérios inatingíveis, mas nem por isso menos entorpecente. com uma trilha sonora (mark mancina) que não cai no filme como uma luva, mas como uma capa de guitarra, esse august rush (100 min, USA, 2008) merece ser assistido com o volume no máximo.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

REVOLTA

paulo vieira by fred sepulchre, em bruxelas

.



é mesmo uma fatalidade a palavra ter de
deitar-se em livros sem escape, fechados,
feito cadeias assombradas, enquanto a sede
se eterniza na boca de seus presos fadados

ao silêncio diário, ao esquecimento das falas.
não há visitas ao presídio do poema, ninguém
sabe os nomes dos detentos, mas se o sol resvala
sua faca nas grades da janela, nenhum verso vem

arrastar-se implorando por luz, pois ao poema tanto
faz, as palavras amotinam-se nas margens, nos cantos,
se engendram umas nas outras e cochicham: - atenção!
quando entrar o carcereiro começa a rebelião.

.

(poema inédito, paulo vieira)

MAIS FORTUNA CRÍTICA - GUTEMBERGUE GUERRA

com vegetable (parceirinho 100 %), by supertramp

.

WORKDIAS

.

Professor de português no ginásio, com a voz metálica, bradava, como quem arremessa uma sentença: texto bom é aquele que nos chama para a briga, que nos provoca! Guardei a lembrança do mestre de cabeça chata e da voz de araponga a frase imperativa. A ausência de maiúsculas na poesia de Paulo Vieira subverte a ordem gramatical, sem que isto prejudique em nada o sentido que vai se impondo na leitura. Ou melhor, a nova ordem provoca múltiplas interpretações e sentimentos, e nisso se compraz o poeta, comprometido com o remexer no lodaçal de onde brotam lírios e odores malsãos, sem que se perceba. Orquídeas anarquistas, o livro, me chamou para a briga. Não a flor, que na lavra do engenheiro florestal me parecia decorrente desde o seu Infancia Vegetal, primeiro livro laureado pelo mesmo Instituto de Artes do Pará, que sagra as Orquídeas. Pelo adjetivo anarquista, sim, que promete como titulo, irreverências e revoluções, ação direta, rebeliões. Os versos vêm plantados como açoites, ora curtos, ora como se circunvoleassem para tombar precisos na folha exposta da consciência e memória atiçadas pelos sons, signos, símbolos que florescem no campo mágico do poeta. Não é do poeta a função de desordenar o sentimento, de soltá-lo na lapa do mundo, a se manifestar livre e questionar as rédeas que lhe queiram dar? Não é do poeta a função de libertar a palavra das cadeias que lhe queiram dar as normas? Não é do poeta o permitir que as palavras sejam mais do que um ajuntamento de letras? Não é do poeta, pois, cultivar orquídeas, essas flores raras de beleza e de presença efêmera?
Conheci Paulo Vieira como aluno do curso de Mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável, na Universidade Federal do Pará. Juntos, fizemos o exercício de escrever uma dissertação, ele autor, dentro dos marcos da ciência, respeitando todas as regras do método e do campo científico. Ali, o poeta foi enquadrado, ainda que houvesse vez em quando um laivo de poesia, um suspiro de literatura. Depois li Infância Vegetal e acompanhei à distancia, a revelação da veia poética e o seu desenvolvimento apoiado por Benedito Nunes e pela participação em grupos de expressão literária.
Orquídeas anarquistas me chegaram pedindo leitura e briga. Teve! A angústia do ser humano é vencer a dor e a morte. A consciência desse drama se potencializa no poeta que se imuniza imortalizando-se pelo sopro da palavra. Esse conflito de vida e morte é freqüente na obra de Paulo Vieira e se expressa do inicio ao fim, quando recorre a Borges, e quando se faz representar criança, renascendo em uma ilha qualquer de Abaetetuba, terra do brinquedo, terra do nunca peterpaniano. O menino risonho que encima a biografia no fim do livro, é um gesto travesso do escritor que promete estar sempre presente, a despeito de tudo.
Cumpriu-se, comigo, o que o posfaciante profetizou: Orquídeas anarquistas continuam me obrigando a reler, gravitando siderado pelas palavras ordenadas em um estranha constelação. Há uma força que nos faz voltar às palavras, reinventando sentidos, ressentindo impressões. Quem quiser entender, que se arrisque!

VERSOS AO VERDE NAS RUÍNAS DO ENGENHO

foto by caef
.

A AMAZÔNIA JÁ NÃO DORME
ANTE O BRUTAL PESADELO
EM QUE UMA TESOURA ENORME
CORTA O SEU VERDE CAB
ELO

.

Paulo Vieira
(in Livro para pescaria com linha de horizonte)

.

A TRILHA ECOLITERÁRIA VERSOS AO VERDE NAS RUÍNAS DO ENGENHO MURUTUCUM

RECITAL DE POESIA COM

:

TADEU MELO
PAULO VIEIRA
RENATO TORRES
&
THIARA FERNADES

ACONTECEU NOS DIAS 08 E 09 DE MAIO DE 2008, SEMPRE NA TARDE, UMA COM CHUVA DE INFÂNCIA, INCLUSIVE.
ORGANIZADO POR ESTUDANTES DA UFRA, O EVENTO PROPORCIONOU O ENCONTRO DA ARTE QUE ABRAÇA, COM OS NOVOS DEFENSORES DA FLORESTA...
TRASNCREVO PARA CÁ UM DOS POEMAS RECITADOS NA ESTRADA DE MURUTUCUM PELO PRÓPRIO AUTOR:

.

A ESTRADA

agora já sei sobre a estrada do esquecimento.
não um caminho que conduz a tal estado,
mas onde esquece-se ao trilhar.
esqueça a metáfora do vento que leva
lembranças, revolvendo-te os cabelos,
ou a imaginosa tez de vazio fabulário
que supões ser a carne desnuda da memória.
abandona histórias que ouviste do país
invisível, onde os espelhos mostram a ti
um rosto estrangeiro a cada visada.
reconhece apenas tua pisada, que se
renova a cada adiante alcançado
e ouve os recordos ruírem sem alarde
enquanto a tarde avança em rosa
e esquece do azul, devolvendo a noite.
recolhe-te à irrealidade do caminho
e faz teu ninho de pura pedra passageira.
ela ficará lá, muda testemunha, e tu segues.
eis o teu conhecimento: nada reter, enquanto
fluis. e teu poema escrito já não é mais teu.
a cada passo na estrada do esquecimento
mais saberás sobre nada, e nada vais
esperar do caminho, que na mesma
medida, te revelará tudo.

.
Renato Torres

Carta do amigo Luiz Claudio

Boa noite Paulo!

Todos os dias acesso a página do teu blog na esperança vã de que tenhas postado algo de novo por lá. Sei que és um poeta muito ocupado. Treinando pra ser pai. Trabalhando em prol da Floresta e etecetera e tal...
Nestes últimos dias só o que se vê e houve nas tv´s é o realyt show (Desculpe se grafei errado a expressão, é que não sei inglês mesmo) sobre a morte da menina Isabela em São Paulo. Por esses dias uma criança de 06 anos foi morta na aldeia dos índios Guajajara no Maranhão (município de Arame). Nem repercutiu nas grandes mídias. Um povo envolvido em uma trama de violência feroz, constantemente ameaçados por pistoleiros, pra que deixem a sua terra, não é notícia que dê audiência. Aposto que se fosse questão de vestibular, o caso da menina Isabela, 99% dos candidatos acertariam as questões. Também a absolvição de um dos mandantes do assassinato da ir. Dorothy (Por sinal o teu poema sobre a ir. no teu último livro, soa agora como uma profecia), repercutiu somente nos meios políticos, a sociedade não foi informada do risco para os lavradores que vivem no PDS em Anapu, da absolvição deste criminoso.Enfim diante de tudo isso os blog´s são espaços privilegiados de notícia e opinião que conseguem fugir da mesmice e hipocrisia da grande imprensa e por essa razão, lamento que o teu não tenha recebido a atenção devida.
Entenda que não quero reivindicar nenhum engajamento da tua parte, além daquele que já tens, mas no fim das contas é necessário muita poesia pra nos animar nesta luta.
Releve esse desabafo.

de teu amigo que muito te admira

Luiz Cláudio

terça-feira, 1 de abril de 2008

FORTUNA CRÍTICA, LÚCIO FLÁVIO PINTO

Poesia de força: a destas orquídeas


O poema de Paulo Vieira "está escrito na memória / antes mesmo que se gere". Sua poesia é instinto, músculos, artérias, fibras. E é cérebro, faiscações da mente, arquitetura do pensamento. Tudo isso dentro dele até que se torne matéria, tecida com palavras vivas, autônomas, que se explicam na narrativa, fluem na construção verbal, às vezes se ordenam num discurso, freqüentemente contrariam a lógica, surpreendem o sentido, anarquizam o entendimento.

É assim o conjunto de "orquídeas anarquistas", a brilhar no seu terceiro livro, o segundo a assumir a forma impressa, com esse forte e sugestivo título, que mereceu o prêmio de poesia do IAP (Instituto de Artes do Pará), em 2007 e foi lançado no mês passado. É um produto graficamente belo, requintado, de extremo bom gosto, artesanal no seu acabamento paradoxalmente sofisticado. Há a aparência de uma construção formal muito lógica pela precisão de cada item, visual e verbal.

Mas há forças incontroláveis dentro dessa estrutura, uma voz do inconsciente que deve muito de suas origens à poesia simbolista francesa, ao modernismo, ao pós-modernismo, ao português castiço, às velhas canções de amigo, à linguagem coloquial inglesa, à voz áspera das ruas, à melodia das camas. Em uma palavra: ao mundo vivo e pulsante, que o poeta viu, no qual viveu ou que simplesmente imaginou, subvertendo a realidade e a fatuidade (até inventou seu nascimento "em uma das pequenas ilhas sem nome de Abaetetuba – cidade dos brinquedos de Mauritia – afinal, a gente nasce onde bem entende").

O poeta, um verdadeiro homo faber, faz o que quer com as palavras, que lhe são íntimas, plásticas, modeláveis. Seu leitor há de se surpreender agradavelmente ao seguir seus versos e chegar a desfechos como: "a queda/ também/ de voar/ é um jeito". Ou, pela "linguagem das flores", urdida na morte de Haroldo Maranhão, ficar sabendo: "nesta crisantemanhã nenhuma flor se embegônia". Ou, no verso elíptico e poderoso, que vale por mil discursos engajados de revolta pela morte da missionária Dorothy Stang, na pura e irredutível expressão artística:

"horse
(no assassinato de dorothy)
esses dias passam de ré
deas"

Orquídeas Anarquistas (IAP, 2007, 76 páginas) é um livro que nasceu clássico sem deixar de ser vanguardista. Poesia das melhores já surgidas em Santa Maria do Grão Pará – e em qualquer parte deste país. Ou do mundo de matérias e signos do poeta e da sua gente.


.



Lucio Flavio Pinto,
Jornal Pessoal, Abril, 2008, 1° Quinzena, N°414, Ano XXI.