sol sozinho by paulo vieira
AS COISAS SEM FIM
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cerejeiras em festa,
no lago, uma garça, uma flor,
de tudo o que passou resta
no peito a batida do taikô.
ser ou não ser, ver ou não ver,
o mundo está rodando, rodando e rodando,
a vida está andando, andando e andando.
macadâmia sobre a mesa,
as damas em volta, nenhuma tristeza,
um menino na piscina da barriga.
outro foge do mundo no videogame que o abriga.
cabelos enrolados, cabelos lisos, cabelos grisalhos
escova progressiva, chapinha, chapinha para enrolar
o mundo está evoluindo.
no meio da multidão
a poeta de gorro róseo, voz
rouca e jeito adulto deixa em nós
as flores de seu coração.
todas as coisas acabam
como esse poema,
como todas as coisas.
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gabriela nogueira (9 anos) e paulo vieira.
garça city, 30, jun,2008.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
CORPO VIVO
sol sólido by paulo vieira
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aqui apresentando o exercício de escrever um só poema por muitas mãos. segredos acima e abaixo, no trabalho vadioso de um dia após a festa da cerejeira, em garça, o resultado:
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POEMA EM VOLTA DA MESA DO DIA
a cidade de garça tem uma estátua
a cidade é muito bonita pois recebemos
água da mina,
pois fique sabendo que é uma delícia.
um anel de brilhantes, um colar de pérolas,
as pedras rolando, uma rosa sobre seu jardim,
no seu coração nenhuma barreira.
fim de semana em garça, grande alvoroço,
homem, mulher, criança, velho, moço
vão-se os cachecóis, ficam os pescoços.
a barriga cada vez maior
o filho para chegar
em pais vamos nos transformar.
olhe um menino, um dragão soltando fogo,
será que são gostosos
os algodões doces do céu?
a vida é mágica
temos de vivê-la com intensidade
jamais nos inportar
com a idade.
a tristeza da pulinhos,
discretos, de alegria, para
que ninguém perceba que ela
não é mais triste.
o cheiro da terra molhada, o ronco do leão,
amigos à mesa, da comida o aroma bom,
família reunida, festa, risos, paz do interior
flashes de momentos que guardarei no coração.
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AUTORES:
supertramp (e superzinho), fernando orpheu, macris, natália de araújo, denise zocchio, giovana de araújo duma (5 meses), gabriela de araújo nogueira (9 anos), lucas de araújo favinha (11 anos), nardinho mendonça de araujo e paulo vieira.
garça city, finzinho de jun, 2008
sábado, 28 de junho de 2008
QUADRO INFANTIL
em garça, na festa da cerejeira, com o poeta arnaldo antunes, supertramp e pablo superzinho - na piscina abaixo... (repare na mão do poeta, orquídeas e infâncias, e na piscina, cochilando, Le Petit Prince) by um simpático rapaz de kimono.
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E MAIS UM DE AMOR
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à margem de uma lua cítrica o clarão
da chama calma que derrete e desvela
devagar meu coração, ao jeito de uma vela,
oferecido aos deuses, em sacrifício vão.
chego a esse ponto: dar até o que não tenho
..................................................[sem lutar.
cansada de meus crimes vênus me condena
a fazer tudo de novo, humilhante pena,
enquanto o coração vai derretendo devagar.
tudo posto, do amar nada resta além do erro
de pensar que se aprende algo em meio a dor;
o coração vai derreter até o fim, é sempre
............................................[esse desterro,
à margem de uma lua indiferente ao amor.
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inédito de paulo vieira
av. paulista, madrugada, jun, 2008.
DIRETAMENTE DE NEW YORK
meu filho pablo ainda nem nasceu mas acaba de receber um poema de um amigo das letras e dos meninos, meu querido gutemberg, que escreveu-nos de ny, onde se concentra em seu phd, transcrevo os versos dele para cá.
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LUMEN MUNDI
Pablo de tanta história,
De Tarso, Neruda, Picasso
Todos lembrados pela pluma
E pela palavra
verbo
sopro
alma
liberdade!
Que venha Pablo à luz como luz
Para gritar outras coisas
Que nossos ouvidos não tenham ouvido,
Nossas vozes não tenham dito
Nossas mãos não tenham feito
Nossos olhos captado
Que venha Pablo para te fazer mais Paulo
Mais menino
Mais poeta
Mais outras coisas que ser pai pode ser!
E que a mãe deste Pablo
Dando-lhe vida e luz
Tenha igualmente luz e vida
Longa e desabrochada
No sorriso, no olhar, no tato, no cheiro, no gosto e no escutar.
SeJAIS trindade bendita e una
Paulo, Pablo e mater!
Até o próximo que virá!
gutemberg guerra, jun, 2008, ny.
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LUMEN MUNDI
Pablo de tanta história,
De Tarso, Neruda, Picasso
Todos lembrados pela pluma
E pela palavra
verbo
sopro
alma
liberdade!
Que venha Pablo à luz como luz
Para gritar outras coisas
Que nossos ouvidos não tenham ouvido,
Nossas vozes não tenham dito
Nossas mãos não tenham feito
Nossos olhos captado
Que venha Pablo para te fazer mais Paulo
Mais menino
Mais poeta
Mais outras coisas que ser pai pode ser!
E que a mãe deste Pablo
Dando-lhe vida e luz
Tenha igualmente luz e vida
Longa e desabrochada
No sorriso, no olhar, no tato, no cheiro, no gosto e no escutar.
SeJAIS trindade bendita e una
Paulo, Pablo e mater!
Até o próximo que virá!
gutemberg guerra, jun, 2008, ny.
UM POEMA-HOMENAGEM-AMIGO
Recebi de Jonatas, um amigo letreiro, melhor que dizer; um amigo de letras, ou um amigo letrado. um letreiro é um operário das letras, penso. recebi essa homenagem-poema que, muito feliz, posto aos senhores agora.
POETA
ao paulo vieira
.
nas horas escuras de tua escrita
choro
oro
quanto de ti deixaste
essas letrinhas negras
andaram por tua cabeça
feito piolho
tirando sangue
tirá-las
mais difícil que car-rap(a)to
nas horas escuras de tua escrita
grita
fita
o branco
de-vasta-dor
treme os dedos trôpegos
no des-afio de dizer o indizível
a busca da palavra foragida
pantera
ferida
ida
fera
era
não é
ainda
hora
apertar o gatilho da alma
aprisionar os passos das palavras
passar a pena
sem pena
como bico do pássaro na penha
por fim
o poema
.
Poema inédito de Jo Natas
POETA
ao paulo vieira
.
nas horas escuras de tua escrita
choro
oro
quanto de ti deixaste
essas letrinhas negras
andaram por tua cabeça
feito piolho
tirando sangue
tirá-las
mais difícil que car-rap(a)to
nas horas escuras de tua escrita
grita
fita
o branco
de-vasta-dor
treme os dedos trôpegos
no des-afio de dizer o indizível
a busca da palavra foragida
pantera
ferida
ida
fera
era
não é
ainda
hora
apertar o gatilho da alma
aprisionar os passos das palavras
passar a pena
sem pena
como bico do pássaro na penha
por fim
o poema
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Poema inédito de Jo Natas
quarta-feira, 4 de junho de 2008
HISTÓRIA NATURAL
homem pensando em algum lugar, by supertramp
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Saindo de viagem, não para pescar, quem me dera, lhes deixo com o poema mais moço do novo projeto literário. ps. leiam o poema imaginando que está centralizado, faz um desenho quase simétrico, no post não está como deveria, devido a minha incapacidade.
evoé...
.
HISTÓRIA NATURAL
não é nada patético morder sem dentes,
só gengivas, uma lua protética e decadente
para extrair a bile venenosa de seus fossos.
poeta é antes de tudo uma fera sem dentes,
bicho cansado, alquebrado, a espera do osso
de um bicho maior, morto por acidente,
pois um bardo que se preza não sabe nada
de caçadas, mas reconhece uma boa carcaça,
vive a definhar e a redefinir o que o definha,
traz no alforje uma arma, ou rapsódia, baça
água e a memória, essa lúcida e justa rainha,
que pesa nos seus ombros mas não o abandona
nem mesmo quando o golpe da morte a destrona
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Saindo de viagem, não para pescar, quem me dera, lhes deixo com o poema mais moço do novo projeto literário. ps. leiam o poema imaginando que está centralizado, faz um desenho quase simétrico, no post não está como deveria, devido a minha incapacidade.
evoé...
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HISTÓRIA NATURAL
não é nada patético morder sem dentes,
só gengivas, uma lua protética e decadente
para extrair a bile venenosa de seus fossos.
poeta é antes de tudo uma fera sem dentes,
bicho cansado, alquebrado, a espera do osso
de um bicho maior, morto por acidente,
pois um bardo que se preza não sabe nada
de caçadas, mas reconhece uma boa carcaça,
vive a definhar e a redefinir o que o definha,
traz no alforje uma arma, ou rapsódia, baça
água e a memória, essa lúcida e justa rainha,
que pesa nos seus ombros mas não o abandona
nem mesmo quando o golpe da morte a destrona
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