quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A CIDADE NÃO PÁRA A CIDADE SÓ CRESCE



rumo ao farol, 2008, by danielle fonseca, artista plástica







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SANTA MARIA

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são de se admirar os carretéis da iluminação
pública, as hélices das bicicletas, e tantas coisas
que passeiam por ti ou pelas quais passeias senão
para ver as luzes da cidade severa, depois repousas

na calçada descalço, sob as patas de um felino feroz,
faminto, tipo de animal pouco doméstico, conhecido
como sol, cúmplice da manhã, a tarde feito um algoz,
te vais deslizando para fora das coisas, um perdido

mar de barcos encalhados, as coisas encalham em nós
e seguimos agitados, iguais ao mar em meio a tempestade,
sem porto, portadores de coisas inúteis, reféns da cidade
com suas árvores desobedientes e seus pulmões heróis.


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poema inédito de paulo vieira,


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2 comentários:

lilia silvestre chaves disse...

esse troço tá genial.
Beijo da Lilia

Anônimo disse...

olá querida poeta, faz já bastante tempo que não trocamos figurinhas, né? que alegria recebê-la por aqui, precisamos conversar sobre nossos novos trabalhos...

beijos,

vieiranembeira