terça-feira, 30 de novembro de 2010

BREVE

paulo vieira by d'arcy albuquerque

poema escrito minutos antes de um sonho

abreviamos a margem do rio e o rio vira mar.
mais curta, oculta, a margem se retira
por baixo de nossas rodas, pneus sulcados,
que somos máquinas, tratores atolados,
enquanto a morte corre nas plantas
de todos os pés, o mar

anda                         para
 todo         lado
 lodo

salsugem no fundo reunida até que,
num passe de água, cartilagem dura
se torna a armadura dos tubarões.
abreviamos a margem do rio
e o mar toma suas dores
.

poema inédito de paulo vieira

Nenhum comentário: