sexta-feira, 18 de junho de 2010

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dizem que chora e pergunta por mim, que até acorda dentro da noite interminável da infância e me tateia na ideia. dizem que sonha e murmura meu nome. faço de tudo para ele não me odiar. se ao menos soubesse onde estou. se soubesse que a distância entre nós é um rio aberto com a chuva de um mesmo céu. se soubesse tudo o que não sei do amor. se o telefone não mentisse - essa falsa alegria de sentir perto quem está longe. por isso, ainda prefiro as cartas ao telefone. receber uma carta é melhor do que ouvir uma voz sem ver o rosto. escrever uma carta é como cheirar os cabelos dele. uma carta começa antes mesmo da primeira linha, quando se respira fundamente procurando a palavra mais carinhosa, quando a máquina de plástico na mão direita injeta nosso próprio sangue nas letras das palavras. escrever uma carta para ele é o mesmo que trazê-lo de volta. escrevi uma dias atrás, e hoje esboçei outra. dizem que choro e pergunto por ele, que até acordo dentro da noite interminável da tristeza e tateio seu rosto na ideia. dizem que sonho e murmuro seu nome.

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