segunda-feira, 20 de outubro de 2008

então, pronto!

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ASSEMBLÉIA DE URUBUS


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do que é que eles estão calando? assembléia de urubus em belém, na vieux urbe. hiléia plena de calçadas gelatinosas, amarelo ocre. tomei entre os dedos aquele poema épico e rasguei ali mesmo, em frente à porta marrom do rio guamargo. não queimei - ausência de combustível - mas fiz picadinho. e guardei segredo sobre o autor. não há uma só rua estéril em cidade alguma, mesmo na très petite le vieux mans, au nord de la france, a coisa toda pode acontecer. e eu que pensava não haver desordem onde o silêncio da fazendinha assinala o cinéma fermé. os bichos são outros, mas as assembléias persistem: cangurus na austrália, tigres de bengala no nepal, ornitorrincos na tasmânia ou bodes no ceará. aqui ou em qualquer outro lugar sorteado no atlas astral. ou melhor, marcado pelo bico de uma bic naquele globo terráqueo que o menino sonhara (30 cm de diâmetro), posto encima da mesinha da sala, em tácito acordo com o chão de tacos na cor tabaco. quinta hora, sexta feira, encerram-se os trabalhos. a assembléia de urubus em belém entra em recesso.


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poema inédito de paulo vieira

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