terça-feira, 26 de agosto de 2008

SUPERTRAMP

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MARIANA'S SONG

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emparedar as costas da mulher e depois sentir
no cimento do queixo, miligramas de nuvens.
só mesmo as árvores e cavalos selvagens detêm
certos traços da nudez da mulher, aquele ir

e vir de pernas, o estreito cálice onde dorme
a seiva elaborada, onde a língua quase morre
afogada, o cabelo em ondas que recobre, enorme,
os ombros de prata quando um fio de calor percorre

as ancas, desliza pelas coxas, púbis, e vai ao centro
de toda a flora recomeçar a estação dos arrepios.
emparedar as costas da mulher e guardá-la dentro
do concreto corpo de homem feito represa de seus rios.

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inédito de paulo vieira

Um comentário:

Anônimo disse...

boa! muito boa...