paulo vieira e alessandra nogueira, aniversário do site culturapará (2007?) by vasco cavalcante |
terremoto com paisagem dentro
desde o estremecimento
as primeiras placas soltas
ganham asas pedras mais
leves que o ar e o ar uma
brasa fulva ou cor
de chumbo e com peso
de chumbo também
que pecado haver deuses
sem coração corpo sem
imagem ou imaginação
ferida aberta céu
aborrecido e uma nuvem
de borra emoldura
o último pássaro
que o céu faz descer
de suas costas azuis
resistência em fazer do
horizonte um poleiro
sobre o mar poleiro
escondido nas copas
que lançam espadas
radiosas em nós
(aliás nem sei
como não ferem
os galhos
passando
através)
poleiro atrás da
montanha onde
um sol derretido
ferve os homens
e a lua minguada
com duas pontas
esculpe invisíveis
estátuas
(restos desse
trabalho pó
e lascas sobem
no ar acendem
no breu matam
o frio dos céus
e o meu)
atrás da montanha
depois
a terra se abre
olha o sol
condensa até um tom
mais leve já o poleiro
desaba com o peso
do tempo desde
o estremecimento
.
poema inédito de paulo vieira
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