quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

POEMA


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kaiapó

poucos o viram
era arisco e agressivo

gostava de ficar escondido
entre os cabelos lisos
negros longos feito noite
chovendo sem parar

devia ter cinco anos o piá
que o criava
estirado em volta
do pescoço
desde que o encontraram
agarrado ao dorso
da mãe roendo a flecha

um dia
enquanto o piá
preparava o urucum

o pequeno meteu o focinho
para fora do cangote
e cheirou a tinta que mais tarde
pintaria o seu planeta
de vermelho

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poema inédito de paulo vieira

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