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kaiapó
poucos o viram
era arisco e agressivo
gostava de ficar escondido
entre os cabelos lisos
negros longos feito noite
chovendo sem parar
devia ter cinco anos o piá
que o criava
estirado em volta
do pescoço
desde que o encontraram
agarrado ao dorso
da mãe roendo a flecha
um dia
enquanto o piá
preparava o urucum
o pequeno meteu o focinho
para fora do cangote
e cheirou a tinta que mais tarde
pintaria o seu planeta
de vermelho
.
poema inédito de paulo vieira
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