sexta-feira, 28 de setembro de 2007

POEMA CEGO

nas vizinhanças do marau by paulo vieira

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in the day of cup down trees
para thiara & tady

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acontece de tudo na extensão dessa tarde
em que solitária te deitas junto
de tua própria sombra e só mais tarde
é que tudo, tudo passa como se fora apenas susto

depois te agasalhas na manta escura de aquecer
árvores órfãs enquanto pássaros desmaiam feito
folhas secas sobre a linha que divide o anoitecer
das imagens imortais dessa tarde sem jeito

mas não me assustam os domínios da cegueira
e a calma e o sono e a solidão em nosso olho velado
nos dizem que a morte é presente e sorrateira
feito as sobras de um tempo suspenso, inacabado

e se no escuro nos agarramos a estes poucos ramos
in the day of cup down trees
não é por medo de deixar a vida
mas por coragem de aceitar que estamos
querendo ficar quando é hora da partida
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2 comentários:

Anônimo disse...

que coragem...
quando tudo passa, e foi apenas um susto e ninguém tem dor, e conseguimos tudo, quando tudo está leve e escolhemos os melhores caminhos.
em uma noite cintilantemente trágica!
obrigada por me oferecer essa bonita poesia, essa construção.
te amo

Paulo Roberto Vieira disse...

ÉLA merece. então, é correr atrás, ou esperar quieto, a leveza.

obrigado por tua aparição em meus cminhos tortos...