quarta-feira, 18 de julho de 2007

MARIJUANA

baía do guajará by paulo vieira



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marijuana


ela resguardava essas
mesmas pernas
frágeis e submersas
feito peixes sem lanternas
naufragados entre broncos
submarinos brancos

ela era menos sereia e seria
mais humana se entre os troncos
lodosos dessas perdidas quimeras
não me abandonasse à mercê da enguia
assustadora de costas ásperas

ela detinha as barbatanas
para não perder a força
dormia e acordava entre humanas
anêmonas de camurça

ela não era de alga
e lembro-me, surpreso, sua forma
que, quanto mais perto, mais vaga
deixava um rastro sem alma
atravessado na garganta da água







paulo vieira

Um comentário:

Anônimo disse...

A construção desse poema é genial.
Inteira completa e musical
Acho que em tudo a ver com o nome