quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

LIVRO - "Invisíveis cotidianos" de Carlos Orfeu

Já estava passando da hora de eu comentar os livros que recebi de poetas brasileiros no último ano. Começo com o livro de Carlos Orfeu, Invisíveis cotidianos (Patuá, 2020). 

Carlos é um poeta carioca que, trazendo no nome a música do encantador de todas as coisas, Orfeu, mostra na sua poesia não menor encanto. São lances de um surrealismo encorpado e jogadas certeiras e econômicas de palavras sempre arquitetadas ou tramadas de modo admirável. Poesia de síntese, a dele. Nela o cotidiano se apaga mas continua ali, vivo, pulsando "atrás das roupas / inquietas no varal", no "incógnito céu", na "cadeira / abraço de madeira", que "sem saber estala". Carlos é um "acrobata dos desastres" e nesse livro, que merece ser lido e relido, como tenho feito agora, nos mostra a força incontida do cotidiano sempre materializado no irascível presente, mas, nem sempre, visível. Dentre tantas tarefas, cabe ao poeta essa também: nos mostrar o que experimenta o dia, seus cotidianos, em versos. 

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